sábado, 11 de agosto de 2007

A TAM E O LUCRO

A TAM E O LUCRO!
Eu mesmo admito. No dia que teve o acidente de nosso avião a primeira coisa que pensei foi: vou vender minhas ações da empresa. Vou abandonar esse barco. Vou mudar de identidade empresarial. E coisas assim.
Na hora, nem eu mesmo consegui pensar positivo. Pensei que após mais de 200 mortes havia grandes chances da empresa perder a concessão e/ou simplesmente ser rejeitada pelo cliente e abrir falência. Naquela noite eu fui fraco, me seduzi pelo melodrama televisivo e me tornei um homem pessimista
Mas foi só até de manhã. Bastou eu acordar que eu já vi as coisas claras de novo e voltei a pensar positivo. Se hoje a empresa cresceu ainda mais é por conta de homens como eu, que sempre pensaram positivo em sua defesa.
É obvio que o presidente de nossa empresa teria que ser sacrificado para a opinião pública. Mas é obvio que ele foi apenas oficialmente demitido, mas saiu com uma maravilhosa indenização e uma ótima vaga de consultor.
Eu mesmo fui chamado para assumir a presidência e logo contaminei a equipe e nossos acionistas do OTIMISMO que acabou por nos conduzir ao CRESCIMENTO exponencial!!
Eu tinha dois discursos. Um para funcionários, outro para acionistas.
Com funcionários minha fala era didática. È claro que foi triste aquela tragédia. Que tudo indicava que foi erro humano e problemas na pista. Que isso acontece, as vezes, não tem como evitar. Que a TAM já fez sua parte, nós já pagamos a indenização. E que, além disso, não seriam 200 pessoas que destruiriam o projeto de nossa empresa. Afinal, é importante dizer que a TAM dá mais de 3 mil empregos diretos e mais de 10.000 empregos indiretos. Que essas pessoas todas – que vocês - não podem perder o emprego. Após colocar o problema eu concluía enfático:
- Sabe o que mais irrita: é que eles só falam dos mortos. Ninguém fala dos vivos. Ninguém fala de vocês, de vocês funcionários que vivem por conta da TAM!

Fui ovacionado!
Para os acionistas meu discurso tinha que ser mais racional. Para eles expliquei também que o estado estava de nosso lado. Que o governo sabia que era importante para o Brasil ter uma grande companhia aérea. E que a TAM tinha sido escolhida. Que já tínhamos articulado a falência de uma concorrente. E que conseguiríamos ferrar outras.
Que já tinha acontecido um acidente dez anos antes e não tinha mudado nada. A TAM continuou a crescer naquela época e continuará a crescer agora.
Que, agora cá entre nós, a TAM tinha tido até lucro com o acidente
Não que busquemos isso, mas que teve, teve.
Pois o seguro tinha pago para a TAM 1,5 bilhão de dólares. E nos gastariamos entre indenização a familiares e compra de outro avião, algo em torno de 1 bilhão. Sobrava 500 milhões, não é de jogar fora.
E que no fundo, no fundo, a TAM é igual o 007. Temos licença do rei para matar. Em off espalhei até aquele cartaz que acabou ficando famoso, aonde vemos uma foto do 007 com o slogan “TAM: licença para matar!”

Após esse auge de exibição de poder eu sempre retornava a humildade. Retornava para o tom calmo, familiar, realista, objetivo que o investidor também gosta e concluía:
O importante mesmo é que a TAM continua tendo o que mais importa: a concessão pública para explorar o lucro no espaço aéreo sem nenhuma daquelas caretas regulações estatais.
Nos sempre nos mantivemos fieis ao nosso primeiro principio:
NADA SUBSTITUI o lucro!* (site oficial da TAM).
Ou seja, mesmo sendo operadores de uma concessão pública (o espaço aéreo) ainda priorizamos o lucro.
.
E conclui, explicando que para que a TAM continuasse crescendo bastava seguir a estratégia atual baseada em:
a) continua articulação política - visando neutralizar os poderes de regulação do estado.
b) Imensa redução de custos. Mesmo se, para reduzir os custos, for necessário diminuir um pouco a segurança dos passageiros. Afinal, a segurança dos acionistas em primeiro lugar! Ou melhor, mais importante que o cliente é a segurança ..... (pequena pausa) dos acionistas. **

E foi baseado nesses dois princípios que nós crescemos. Hoje, dois anos após o acidente de 2007 e mesmo depois dos outros dois acidentes de 2008 (que nem vale a pena relembrar aqui, pois tiveram muito menos impacto midiático) a TAM tem orgulho de anunciar que alcançou seu sonho
SOMOS HOJE A MAIOR EMPRESA AÉREA DA AMERICA LATINA!

Agradecemos a todos nossos clientes que, sem outras opções de empresas aéreas (já que convencemos o governo a falir nossas duas maiores concorrentes) continuaram fieis a nossa empresa.
Agradecemos a todos que tiveram que se sacrificar – em alguns casos sacrificar a própria vida – na construção dessa empresa. Que saibam todos que seu sacrifício não foi em vão!
E parabenizamos todos que acreditaram em nosso projeto e continuaram investindo em nossas ações. Vocês sabem que investiram certo. Quem pensa positivo acabará vencendo sempre

Abraço
Seu presidente!

* No site da TAM de 2007 tinha os mandamentos da empresa.
O primeiro era:
1º - Nada substitui o lucro

** A piada aqui é com o terceiro mandamento da TAM na época.

3º - Mais importante que o cliente é a segurança.
andro

O Segredo: ou como pensar positivo no caso do acidente da TAM

Tem gente que não sabe ver o lado bom das coisas.
Esse é o grande segredo: pensar sempre positivo. Quem pensar positivo vencerá.
Veja o caso do novo acidente da TAM.
A maioria das pessoas ficam tristes, emocionadas. Enquanto o certo seria pensar positivo, buscar o lado bom do acidente.
Essas pessoas ficam assim por culpa da televisão que explora a tragédia de forma sensacionalista. A televisão mostra corpos, mães choronas, coisas horríveis. Aí o cara fica todo melodramático. E quem é melodramático só chora e não age. Mas atenção, a televisão faz isso apenas para distrair o cidadão. Pois a televisão quer que você, cidadão brasileiro, pense coisas negativas o tempo todo. Pois assim você será um perdedor e sempre ficará assistindo gostosas na tv, ao invés de estar comendo as respectivas.
É para nos manter passivos que a televisão explora a tragédia de forma
melodramática.
Mas só vencerá na vida quem não cair nessa da mídia e manter o otimismo aceso. Não é a toa que a capa da Veja, na semana seguinte ao acidente, enfatizava o poder do pensamento positivo.
Eles estavam certos. Querem nos ajudar a vencer.
O fato é que tudo na vida tem seu lado bom. Não que eu goste de tragédias, mas uma coisa há de ser dita: não tem nada que eu possa fazer pelos mortos. Eles já eram.
Eu vou me preocupar com eu e com minha família que ainda esta viva.
E não dá para negar: há inúmeras oportunidades no acidente. Tal como traficantes de penicilina na segunda guerra, tive inúmeros amigos advogados que assim que ouviram a notícia na televisão, saíram da sala de estar, prepararam uma malinha de viagem, se despediram da esposa e dos filhos, e foram se hospedar no mesmo hotel que as famílias das vitimas estariam hospedadas. A idéia deles foi bem simples: defender as vitimas para aumentar a idenização delas. Eles aproveitaram o momento e ainda vão ajudar as vitimas
Além disso é claro que abordar a vitima nesse momento tem outra vantagem: você pode explorar o momento emocional delas e fazer contratos aonde você ganhará porcentagens muito além do mercado. Mais de 30 advogados se hospedaram no mesmo hotel naquele dia. Eles estão até hoje se engalfinhando para pegar o caso e enriquecer. Mas são pessoas que viram oportunidades. Se eu fosse advogado estaria lá. Se eu fosse pobre lançaria souvenirs de pedaços dos escombros.
Mas sou apenas um empresário. O que faço muito é investir na bolsa.
O que devo me preocupar é com as ações da TAM. Que caíram.
Na hora fiquei com medo. Mas agora decidi não vender. E ainda mais: decidi comprar mais.
Decidi que vou investir ainda mais na TAM
No próximo Post coloco o artigo que me convenceu disso.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

cineasta e Globo Filmes

Outro dia vi um cineasta dizendo que é um absurdo a Globo apenas apoiar filmes da Globo Filme
Não vejo absurdo algum nisso.
Eu tenho minha humilde sala de projeção em vídeo na Gafanhoto. Vou passar meu filme lá. Vou usar a assessora de imprensa da Gafanhoto
O que tem demais isso?
É minha a sala, é meu filme, vou priorizar eles uai.

É a mesma coisa que a Globo faz
A Globo não é pública, é privada
Sei que a tv é concessão pública. Mas não tem anda na regra da concessão que ela pegou que diga que ela deve obrigatoriamente divulgtar todo filme brasileiro. Se tivesse seria um absurdo. Pois seria muito filme. E muito filme ruim aliás.
É obvio que ela tem que ter um critério e o critério é dela. Por isso ela é programadora.
Não acho que nem eu , nem a Globo estamos sendo antiéticos ao divulgar nossos próprios trabalhos e escolher o que divulgamos.

O problema é que a Globo é muito mais forte que eu. Claro que é mérito dela. Não, me corrigindo. Não é mérito dela. Foi mérito dela. Ela teve mérito no passado. Agora vive disso.
Capitalismo é monopolizador e não quer inovação.
Ao menos o capitalismo nacional anti-democrático

O estado existe para corrigir isso
Por isso não pode dar apoio a Globo e deve dar ao pequenas.

Isso é a distorcão do estado brasileiro que continua apoaindo fortes e não apoiando fracos
Agora a Globo só está na dela. Só isso.

Uma dica de filme!